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17 de fev. de 2014

Sufismo: O Caminho do Amor


"Quando abro meus olhos para o mundo exterior, me sinto como uma gota de água no oceano; porém quando fecho meus olhos e olho para dentro de mim, vejo o universo inteiro como uma bolha erguendo-se no oceano do meu coração."
Hazrat Inayat Khan A Sinfonia Divina
O Sufismo ou Tasawwuf tem sido definido como o Caminho do Amor ou do Coração.  À palavra Sufi são atribuidas várias orígens, entre elas palavras que significam  "pureza" e "sabedoria". O sufi, então é alguém que descartou tudo que não pertence a sua essência mais intíma e que cultivou o jardim do coração, já que não há outro lugar para que a sabedoria cresça. Um sufi é um homem com os pés na terra e a mente no céu. 
Pudemos dizer que sufismo é uma aproximação amorosa com a realidade. É um modo de se experimentar a vida e o universo como um todo respondendo a um plano Único, de acordo com Leis Universais ou Fundamentais. É  uma escola viva ou forma de vida que busca antes de tudo fazer um chamado a Unidade de toda a existência e que cada ser humano alcance seu verdadeiro estado de plenitude e bem-estar e integre em si mesmo a transcendentalidade ou espiritualidade, é conhecer  o mais significativo e fundamental que existe em cada um de nós. Dentro do sufismo busca-se libertar o ser humano das cadeias da ignorância para que possa compreender a essência imutável do Ser.
"Conheci o bem e o mal,  o pecado e a virtude, a justiça e a  infâmia; julguei e fui julgado, passei pelo nascimento e pela morte, pela alegria e  pela dor, pelo céu e pelo inferno; e no final reconheci que estou em tudo e tudo está em mim".
Hazrat Inayat Khan
A palavra sufi implica pureza. Porém quer dizer não misturado com outro elemento,em outras palavras, aquilo que existe em seu próprio elemento puro e sem manchas. Dentro do sufismo, busca-se honrar e respeitar todas as diferenças, e buscar um mútuo entendimento, respeitando e valorizando todos os pontos de vista dos demais. Podemos dizer que é uma escola de autoconhecimento e perfeição do ser humano; um estudoda Unidade e polimento da própria personalidade para aparar suas arestas e fazer a maior obra de arte a que todo ser humano é chamado: a arte da personalidade. Não obstante todo este trabalho de polimento e limpeza do coração do sufi não é para benefício próprio, mas para que possa refletir a Luz Divina.
"A vela não está acesa para iluminar a si mesma"
Nawab Jan-Fishan Khan
Se há uma verdade central que o sufismo distingue, é a Unidade do Ser, o fato de estarmos todos integrados com o Divino. Somos Um: uma comunidade, uma ecologia, um universo, um Ser. Se é que há uma verdade digna desse nombe, é que formamos um todo com a Verdade, que não estamos separados dela. A compreensão desta verdade tem efeito no sentido de quem somos, em nossa relação com os demais e com todos os apectos da vida. O sufismo tem a ver com a compreensão da corrente de amor que corre através de toda forma de vida, com a unidade de todas as formas conhecidas e desconhecidas pela humanidade.
“Vem, vem, seja você quem for,
Não importa se você é um infiel, um idólatra,
Ou um adorador do fogo,
Vem, nossa irmandade não é um lugar de desespero,
Vem, mesmo tendo violado seu juramento cem vezes,
Vem assim mesmo.”
Jalaluddin Rumi
Para os sufis, toda a humanidade é Uma só, não existe nenhum tipo de divisão nem horizontal, nem vertical e não há diferença entre os seres. Não existem coisas diferenciadas ou separadas exceto na aparência e a um nível de superfície. Em seu núcleo, em seu nível mais fundamenta, só existe uma coisa: a Unidade, ou a Realidade Absoluta, o Um. Aquele que recebe muitos nomes e que alguns designam como Deus, Allah, o Universo, a Vida, a Informação Central do Universo, o Vazio, o Nada, o Tudo, etc. O nome que se dá a esta Realidade não tem relevância pois todos estes conceitos apontam para uma mesma e única direção. 
A prática do sufismo leva a redução do nafs (parte mais densa do ego ou falsa personalidade) a sua mínima expressão, e portanto à manifestação plena de nossa essência ou o Ser Real, o qual facilita o acesso direto a percepções reais da Verdade, que surgem na experiência pessoal de cada um. Neste caminho o ego vai se refinando, desfazendo-se de suas limitações e enaltecendo nossos talentos. Quando no sufismo se fala da redução do ego temos que entender que sem um ego não podemos interagir neste plano material. É necessário para nossa sobrevivência. O que se trata é de colocá-lo a nosso serviço e não tornar-se servo dele. 
O sufsmo é baseado na Harmonia, Beleza e Amor. Para estarmos unidos com o Um, com Deus e sua Criação, que são a mesma e indefinível coisa, nos ocupamos então de limpar nosso coração de tudo que signifique ego ou auto-engano. 
Os sufis não tem uma hierarquia distinta para o crescimento espiritual ou desenvolvimento da consciencia. Não tem dogmas nem doutrinas. Para eles o caminho se faz no mundo, entre os homens, e não há nada mais valioso do que as relações, especialmente as complexas. Não há muito mérito em ser imperturbável se a seu lado não há ninguém que perturbe. Quando vários sufis se reúnem, o mais avançado ensina sua missão, e ele sabe perfeitamente se é ou não. Os demais também. Assim, brota espontaneamente a missão do mestre, a quem se acata, se respeita, porém antes de tudo se ama porque nos mostra um ideal. Não se dá pois ao sufi a condição de mestre sem a capacidade de ensinar, e com esta vem junto a de amar, que dá ao mestre a acuidade de percepção dos sentidos físicos, extremamente afinados, e o desenvolvimento de outros sentidos superiores latentes em qualquer homem. 
Os exercícios espirituais sufis, as práticas, são de uma grande variedade e dependem sempre das condições de tempo, modo e lugar, porém ainda mais da capacidade atual do discípulo ou aprendiz e/ou seu estado de de desenvolvimento de consciencia. Podem consistir em práticas de respiração, mantras ou wazifas (falados ou cantados) danças, música e muitas vezes contos ou histórias. 

Fonte: PersonArte

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